
Visto pela ótica de um pirralho de 10 anos que brinca de forma histérica no chão da sala com um punhado de action figures dos Joes, o longa é um alento para qualquer delírio juvenil. E, bem, não é preciso ter um QI 180 para ir ao cinema ver esse tipo de filme de ação, já que boa parte de nós deixa a sanidade em casa antes de sentar na poltrona da sala escura. E o diretor Stephen Sommers, sabendo bem disto, resgata de forma nada sutil aquele moleque sedento de adrenalina e aventura que reside no subconsciente de cada um de nós. Tido como uma espécie de Rei Midas ao contrário (subverte qualquer relíquia da cultura pop que toca), o diretor é um enfant terrible em Hollywood, causando medo nos céticos a simples menção de seu nome. Mas, apesar do preconceito, Sommers é bem intencionado e realizou um ótimo trabalho no comando do filme dos Joe, embora tenha descaracterizado alguns personagens (Breaker, por exemplo, virou árabe). E mesmo com um visual século XXI, os Joes ainda são os mesmos de 20 anos atrás. Proferem frases clichês, possuem armamento e toda uma parafernália militar surreal, encaram qualquer perigo com a pacificidade de um monge e os momentos de ação são inacreditáveis. Uma palavra: beleza!
Não espere um roteiro coeso ou alguma lógica nas traquitanas dos Joes (cérebro pra quê mesmo?), muito menos um conhecimento mais profundo de cada personagem. Em quase 2 horas de filme Sommers tem pressa pra tudo e gera um filme acelerado demais e sem um pingo de moralismo. Ainda assim consegue deixar bem claro e bem explicitado para o público quem é quem e de que lado está. E orquestra de forma racional todas as cenas de ação - uma lição que Michael Bay insiste em não aprender. Um bom exemplo é a espetacular seqüência pelas ruas de Paris (desde já a melhor cena de ação do ano!). Também não espere ótimas atuações do elenco. Mas pelo visto nenhum dos atores parece se importar em fazer cara de mau e exercitar sua canastrice - afinal, se envolver num filme desse porte não compromete a carreira de ninguém. Dennis Quaid, Marlon Wayans e Channing Tatum estão muito bem à vontade. Rachel Nichols e Sienna Miller também e aproveitam a exposição para exibir seus “dotes artísticos”. Sommers não deixa ninguém constrangido, nem os atores nem o público, e ao fim do espetáculo ainda brinda a platéia com a explosiva nova música do Black Eyed Peas no correr dos créditos finais. Fim de papo. G.I. Joe - A Origem de Cobra é como um passeio no parque de diversões. Agrada e diverte enquanto dura. E deixa um bem-vindo sorriso no rosto durante um longo tempo depois.
NOTA: 9,0