sexta-feira, 31 de julho de 2009

Harry Potter e o Enigma do Príncipe

Vou falar: não sofro de guilty pleasure. Por isto, não tenho a mínima vergonha de admitir que gosto de Harry Potter. Vou mais além e digo que o meu filme preferido da série cinematográfica é Harry Potter e a Câmara Secreta. Mas, como um terço dos fãs do bruxo adolescente, conheço Hogwarts apenas pelos filmes. Pouco me importa se a cada novo longa eles deixam muita coisa dos enormes calhamaços escritos por J.K. Rowling de fora. Os filmes de Harry Potter esquentam a cada novo capítulo. Mas parece que resolveram dar uma esfriada e esta nova empreitada apesar de muito boa, torna-se a mais fraca até aqui.

Tido como a primeira parte da trilogia de encerramento da série nos cinemas, Harry Potter e o Enigma do Príncipe parece querer mesmo ser tratado como um filme de abertura. É o primeiro longa dos seis que não deve ser visto como um capítulo independente. De certa forma exige conhecimento da saga ao mesmo tempo que parece querer fechar um cerco de conclusões. HP e o Enigma do Príncipe também é o primeiro capítulo a terminar aberto, deixando muita coisa inconclusiva e, por incrível que pareça, não é tão envolvente como os demais. Parece também ser o mais longo por se tornar cansativo em determinados momentos. Harry Potter agora tem que lutar contra um mal mais presente, menos abstrato. Hogwarts deixou de ser um lugar seguro e até o mundo dos trouxas está ameaçado. Por conta disto o diretor David Yates, novamente no comando da aventura, caprichou ainda mais no tom sombrio, utilizando de uma fotografia escura em seu favor. Pouco se vê de luz, e o que é visto parece ser de um dia nebuloso. E embora a maldade e o perigo sejam palpáveis e um senso de apreensão e urgência dite a velocidade da história, Yates pisou no freio e se concentrou menos em batalhas e cenas de ação, deixando os sentimentos e a relação entre os personagens serem a espinha dorsal do filme.

Um dos grandes acertos deste novo filme é a temática adolescente. Harry, Ronny e Hermione sabem que não são mais crianças e tentam lidar com o afloramento incontrolável de seus hormônios. Também sabem que ainda não são adultos, contudo, se sentem obrigados a lidar com situações que exigem extrema maturidade. Yates também estreita ainda mais a relação de admiração recíproca entre Dumbledore e Harry, tornando-a quase paternal. E ainda abre espaço para, enfim, grandes atores como Alan Rickman, Michael Gambon e Jim Broadbent (a mais nova surpresa da série) brilharem. Até Tom Felton (o Draco Malfoy) ganha mais espaço na trama. Mesmo assim, HP e o Enigma do Príncipe é um filme lento, menos intrínseco e impactante (muito embora haja a morte de um personagem principal no final). Faltou um clímax marcante. Mesmo com duas seqüências tensas e, até certo ponto, assustadoras - as cenas no milharal e na caverna com os zumbis -, faltou aquele grande momento de ação. David Yates estava mais interessado em contar a história que levará o desfecho, preparando terreno para, quem sabe, encerrar a saga de forma mais apoteótica. Harry Potter está amadurecendo a cada novo capítulo, mas ainda não quer usar de toda sua força. Ele não tem pressa porque isto pode custar sua vida. A grande batalha se aproxima. E nós estaremos aguardando ansiosos pelo seu início.

NOTA: 8,0

terça-feira, 21 de julho de 2009

A Era do Gelo 3


O diretor Carlos Saldanha parece que levou bomba nas provas de História do ensino fundamental. Esta é única razão para explicar a inclusão de dinossauros em plena era glacial. Ele parece não se importar com isto. Pra ser sincero, nem eu. Nem o público que anda lotando as sessões de seu novo longa diariamente. A Era do Gelo 3 é simplesmente a melhor comédia do ano. Sim amigos, vocês leram bem: comédia. Esqueça os humoristas super-stars. Se quiser rir de verdade, sem culpa, sem apelação, sem grosserias, vá assistir um bom desenho animado!

A Era do Gelo 3 torna-se uma pérola cômica graças a química perfeita entre seu trio principal. Neste filme, apesar de alguns dilemas pessoais abalaram a amizade dos três, eles estão mais afiados do que nunca. Sem falar no trio de dubladores brasileiros, cada vez melhores em seus papéis. As vozes de Diogo Vilela, Tadeu Melo e Márcio Garcia já sem confundem com a personalidade de Manny, Sid e Diego. Parece que eles nasceram para dublá-los. Por mais que seja um simples desenho em CGI, desde o capítulo 2 que a série se assume como comédia. Sem a obrigação roteirística de ser um celeiro de citações e referências como os longas da Dreamworks ou mesmo ter um passo a frente em termos de narrativa e tecnologia como as obras da Pixar, a série quer apenas divertir crianças e adultos.

Com o roteiro amarrado nas lições sobre amizade e família, A Era do Gelo 3 conquista o público pela ingenuidade e pelas inúmeras confusões armadas pelos personagens. Engraçados por natureza, Manny, Sid e Diego são os irmãos Marx dos desenhos animados; os três patetas do período glacial. O que eles querem mesmo é nos fazer rir. E o diretor Carlos Saldanha, como bom brasileiro, dá o público o que ele gosta de ver. Neste 3º filme as piadas vêm aos montes. Você ri até quando não há motivo pra rir. Entre uma piada e outra (é bom avisar que o espaço entre elas é curtíssimo) há uma história sobre ter de lidar com a paternidade, a necessidade da família, a perda dos instintos naturais e, claro, companheirismo. Mesmo com tudo isso a trama não é tão envolvente quanto a dos capítulos anteriores, mas as piadas e as cenas de ação vertiginosas - outra marca da série - compensam bem este detalhe. Jogar dinossauros na era do gelo realmente foi mera desculpa esfarrapada.

Há também outros acertos. Personagens velhos e sem graça cedem lugar a novos e mais interessantes membros da trupe. Os irritantes irmãos gambás Crash e Eddie recebem um merecido segundo plano para Buck brilhar. Desde já o personagem animado mais legal da década. São dele os melhores diálogos e as melhores cenas. A doninha caolha é uma mistura dos psicóticos pingüins de Madagascar com o inquieto Hammy de Os Sem-Floresta e temperado com uma boa dose da tagarelice do Burro de Shrek. O antigo dono das melhores cenas, o esquilo Scrat, tem seu ritmo aceleradamente pastelão freado graças a presença de, vejam só, uma namorada. Suas cenas ainda continuam engraçadas, porém com outro estilo de piadas, destoando um pouco do clima do novo longa e de suas anteriores caçadas infindáveis em busca da noz inalcançável (que até fica de coração partido!). Neste caso, a namorada só surgiu para atrapalhar. Pior pra ele, melhor pra nós.

NOTA: 9,0

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Transformers: A Vingança dos Derrotados

Me deu dor de cabeça! Olha, eu já suportei asteróides em rota de colisão com a terra, o ataque japonês a Pearl Harbor, carros sendo jogados de um caminhão cegonha, rodas de trens sendo arremessadas contra carros e os Autobots lutando contra os Deceptcons no centro de Los Angeles; mas confesso que este Transformers: A Vingança dos Derrotados me deu dor de cabeça. Se a ordem era avacalhar na seqüência, Michael Bay conseguiu. Se a lei é dobrar e ampliar tudo o que tinha de bom no primeiro filme, Michael Bay cumpriu. Aliás, com seu fascínio sádico por explosões e destruição, acabou transformando a continuação de um dos melhores filmes de 2007 numa verdadeira bagunça.

Uma das coisas mais legais do primeiro Transformers era a novidade. A surpresa de ver os robôs quadrados do desenho animado ganharem contornos mais realistas e lutarem entre si de forma bruta numa trama que, apesar de longa, trazia um tom mais sério e mais adulto. E mesmo sendo um legítimo filme de Michael Bay e embora houvesse uma grande descrença que aquilo tudo pudesse funcionar, o longa agradou e surpreendeu. Mas o diretor resolveu chutar o balde. Com mais dinheiro nas mãos e a ambição de criar algo bem maior e que arrecadasse mais dinheiro, Bay transformou o filme inteiro numa grande piada. E daquelas de mau gosto, diga-se de passagem. O roteiro de Ehren Kruger, Roberto Orci e Alex Kurtzman (estes dois últimos, acreditem, os mesmos do novo Star Trek) foi escrito para que nada fosse levado a sério. Nem a trama e muito menos os robôs, o que aproxima mais ao clima infantil da nova série animada. E o diretor aproveita bem esse desleixo dos roteiristas e dá ao público o que mais sabe fazer: ação desnorteante e muita, mas muita firula estilística. Em meio a uma trama simples, meia dúzia de non sense e muita piada chula e apelativa, Bay remenda tudo com muita destruição e barulho. Se você tiver labirintite, por favor, assista a outro filme.

Mas algumas coisas até se salvam. Os efeitos visuais ainda são os verdadeiros astros do filme. A interação dos robôs com o ambiente e com os humanos beira a perfeição. Infelizmente Optimus e Bumblebee têm seu tempo em cena diminuído para abrir espaço para quase meia centena de novos robôs - alguns, inclusive, completamente descartáveis como certa duplinha metida engraçadinha. Entre os humanos, Shia LaBeouf ainda é o maior destaque, apesar de carregar o chatíssimo Ramon Rodriguez na sua cola querendo roubar a cena. Tenho que confessar uma coisa: mesmo Michael Bay sendo um diretor previsível e, de certo modo, intragável, o cara sabe comandar um espetáculo como ninguém. Vide a cena de briga na floresta e luta final dos robôs em cima das pirâmides. Até a edição está menos frenética que de costume (mas o slow-motion é usado em abundância). Visualmente impressionante e notadamente descartável, este é Transformers 2. Além de longo, cansativo, barulhento e um tanto divertido. E me deu dor de cabeça. Ao menos uma propaganda merece menção: mulheres comprem o sutiã da Megan Fox, este agüenta muita correria e até explosões no deserto!

NOTA: 8,5