O dicionário da língua portuguesa classifica obra-prima como ‘a mais notável obra de um autor’. Raros foram os casos de artistas que, de tão geniais, criaram mais de uma. William Shakespeare, Leonardo Da Vinci, os Beatles, Alfred Hitchcock... e a Pixar. Ok, a Pixar Animation é um estúdio cinematográfico. Porém, o conglomerado de cabeças pensantes que ali trabalham ostenta com austeridade sua marca ao ponto de se omitirem como pessoas e lançam com este selo de qualidade uma nova obra-prima a cada ano. Up - Altas Aventuras é o mais novo clássico a seguir este padrão.
Contrariando qualquer aposta demérita numa história que tem como protagonista um senhor de 78 anos, o diretor Pete Docter surpreende a todos ao fazer funcionar a perfeição as aventuras capitaneadas por este improvável herói. E é incrível como a coisa realmente funciona bem. Carl Fredricksen é um viúvo rabugento e desolado a beira de ser mandado para um asilo quando resolve içar a casa com alguns milhares de balões e partir em busca do Paraíso das Cachoeiras, um ponto exótico entre o Brasil, Venezuela e Guiana, antigo sonho aventureiro de sua falecida esposa. Carl não quer apenas recuperar o tempo perdido, ele quer também, quase no fim da vida, encontrar a si mesmo. E ao levar consigo o garoto Russel como bagagem indesejada, ele não somente tem que aturar sua tagarelice como tem outra lição a aprender: lidar com um filho que nunca teve. Carl, com seus modos rudes e antiquados, é o total oposto de Russel, um escoteiro boa-praça precoce como as crianças de hoje em dia e cheio de bugigangas tecnológicas típicas de sua geração. Neste caso, os opostos definitivamente se atraem. E se completam. Russel busca a atenção e o carinho de um pai ausente e Carl carece exercer o dom paternal guardado no seu coração. E é na química entre essa dupla tão díspar que repousa toda a grandiosidade de Up.
Up não é só uma mera animação 3D, é uma homenagem às animações de antigamente, à arte absoluta de fazer cinema. Enquanto Wall*E ambicionava ultrapassar os limites entre realidade e ficção, Up em contraponto quer apenas contar uma bela história sobre superação ao mesmo tempo em que deixa uma bela mensagem sobre nunca ser tarde para realizar nossos sonhos. Oscilando momentos de humor genial (qualquer cena com Russel e a ave Kevin ou com a matilha de cachorros “falantes”) e melancolia (qualquer instante em que Carl senta para avaliar sua vida são de fazer chorar até o mais insensível dos adultos), o diretor Pete Docter reafirma a máxima de Walt Disney que diz que para cada sorriso deve haver uma lágrima. E a lindíssima e discreta trilha sonora de Michael Giacchino contribui significantemente para melhor fluência desses momentos. Up poderia ser a cereja no topo do bolo da Pixar, mas parece que esse delicioso bolo nunca chega ao fim. Up também marca o crepúsculo de uma fase e a aurora de uma nova dimensão. Up - Altas Aventuras desponta com folgas como o melhor filme do ano até aqui. Algo inquestionável. E o velho Walt, esteja onde estiver, deve estar cheio de orgulho de seus pupilos.
NOTA: 10
Contrariando qualquer aposta demérita numa história que tem como protagonista um senhor de 78 anos, o diretor Pete Docter surpreende a todos ao fazer funcionar a perfeição as aventuras capitaneadas por este improvável herói. E é incrível como a coisa realmente funciona bem. Carl Fredricksen é um viúvo rabugento e desolado a beira de ser mandado para um asilo quando resolve içar a casa com alguns milhares de balões e partir em busca do Paraíso das Cachoeiras, um ponto exótico entre o Brasil, Venezuela e Guiana, antigo sonho aventureiro de sua falecida esposa. Carl não quer apenas recuperar o tempo perdido, ele quer também, quase no fim da vida, encontrar a si mesmo. E ao levar consigo o garoto Russel como bagagem indesejada, ele não somente tem que aturar sua tagarelice como tem outra lição a aprender: lidar com um filho que nunca teve. Carl, com seus modos rudes e antiquados, é o total oposto de Russel, um escoteiro boa-praça precoce como as crianças de hoje em dia e cheio de bugigangas tecnológicas típicas de sua geração. Neste caso, os opostos definitivamente se atraem. E se completam. Russel busca a atenção e o carinho de um pai ausente e Carl carece exercer o dom paternal guardado no seu coração. E é na química entre essa dupla tão díspar que repousa toda a grandiosidade de Up.
Up não é só uma mera animação 3D, é uma homenagem às animações de antigamente, à arte absoluta de fazer cinema. Enquanto Wall*E ambicionava ultrapassar os limites entre realidade e ficção, Up em contraponto quer apenas contar uma bela história sobre superação ao mesmo tempo em que deixa uma bela mensagem sobre nunca ser tarde para realizar nossos sonhos. Oscilando momentos de humor genial (qualquer cena com Russel e a ave Kevin ou com a matilha de cachorros “falantes”) e melancolia (qualquer instante em que Carl senta para avaliar sua vida são de fazer chorar até o mais insensível dos adultos), o diretor Pete Docter reafirma a máxima de Walt Disney que diz que para cada sorriso deve haver uma lágrima. E a lindíssima e discreta trilha sonora de Michael Giacchino contribui significantemente para melhor fluência desses momentos. Up poderia ser a cereja no topo do bolo da Pixar, mas parece que esse delicioso bolo nunca chega ao fim. Up também marca o crepúsculo de uma fase e a aurora de uma nova dimensão. Up - Altas Aventuras desponta com folgas como o melhor filme do ano até aqui. Algo inquestionável. E o velho Walt, esteja onde estiver, deve estar cheio de orgulho de seus pupilos.
NOTA: 10