Alguém já deve ter percebido que quando se quer falar mal de algo encontramos sempre razões de sobra para fazê-lo. É exatamente assim com Os Mercenários. O longa-metragem dirigido por Sylvester Stallone, tido como o clash of the titans dos astros de ação, tinha em seu esboço descaradamente oitentista motivos óbvios para desconfiança - afinal, astros de filmes de ação musculosos e mal-encarados juntos não podiam resultar numa obra cerebral, correto!? E conferido na íntegra, deixa a impressão que o velho Sly está pouco se lixando para o que irão dizer, dando inúmeros pretextos ao longo dos 100 minutos de projeção para realmente falarem mal. O eterno Rambo pode ter sido até bem intencionado, mas não tem como não achar Os Mercenários ridículo. E olhe que nem pesou no meu descontento o tal comentário sobre os macacos.
Bem, Os Mercenários não é um filme de se desdenhar por completo, vá lá, ele até que tem seus momentos. Mas é curioso ver Stallone, após um grande filme sobre o peso da idade e redenção chamado Rocky Balboa, ainda ter a audácia de criar um roteiro em que se auto-proclama super-herói de ação indestrutível. Diferente de outros roteiros seus como Alta Velocidade ou Rambo IV em que o profissional superior sai da aposentadoria para provar que ainda é o tal, neste, seu personagem está na ativa, é o melhor no que faz e parece nem pensar em parar. Sly, ao que consta, deve sofrer do complexo de Narciso. E ao reunir um “dream team” dos filmes de ação (Jason Statham, Jet Li, Dolph Lundgren, Mickey Rourke, Randy Couture), criou um filhote bastardo dos anos 1980 com maquinário do século XXI. Stallone parece se garantir a cada novo filme que dirige, põe tudo no lugar certo, coreografa tudo corretamente e evita certos vícios de câmera; contudo, é no roteiro que ele comete o maior pecado. Ao amarrar toda a trama num fiapo de premissa (grupo de mercenários duros-na-queda são contratados para acabar com a ditadura de um país da América Central), Stallone dá margem a uma infinidade de problemas, onde nem os atores mais jovens conseguem sair ilesos.
É um problema grave. A intriga do filme é, de certo modo, juvenil demais. Stallone deu vida a um Esquadrão Classe A de brutamontes. O pior: com a maioria acima da idade e ainda fazendo coisas com a mesma desenvoltura que faziam 25 anos atrás. Ok, nenhum deles é ator shakespeariano, daí não importa se excedem na canastrice. Mas ver a brasileira Giselle Itié - que também não é nenhuma Fernanda Montenegro - apenas recitar diálogos em inglês com um sotaque portunhol, é vergonhoso demais. Stallone não desenvolve os personagens (pra quê mesmo?), por isto, nenhum dos atores merece destaque. As cenas de ação até que são bem desenvolvidas, apesar dos exageros. Ao menos ganhou o ingresso para sua exibição no Domingo Maior da Globo. A saraivada de tiros e explosões chega a ser ensurdecedora. Além do que, Stallone não amenizou na violência. Pra você que se excita com membros e cabeças decepadas em abundância eis o filme pornô ideal! O diretor/ator não é de meias palavras, e apenas justifica a ação com ação. E ainda suplanta as partes técnicas tentando engrandecer o filme. A trilha sonora, por exemplo, é excessivamente heróica fora de hora. Sem falar que ele, o próprio personagem principal, no alto de seus 64 anos, realiza proezas que, definitivamente, sua idade não permite - e ainda sai sem nenhum arranhão! Até os carros velhos do filme vão além de sua capacidade. Ninguém parece se importar de bancar o idiota. E Stallone ainda força os atores a proferir diálogos vexatórios (que fazem corar até os leitores de Stephanie Meyer) e entrecorta as cenas tensas com momentos ternos (esperem para ver Mickey Rourke se emocionar ao contar sobre uma vida que não salvou). E ainda temos o grande encontro dos grandes astros dos anos 1980. A cena que reúne Stallone, Schwarzenegger e Bruce Willis é uma tremenda decepção. Cheia de piadinhas irônicas sem graça, ela não funciona e nem é tão necessária à trama. Os Mercenários são como os músculos de um halterofilista anabolizado: tem tamanho e agressividade mas são uma farsa. Stallone criou o seu filme de macho dos anos 2000. Mas eu era que não queria ser mulher se só restassem esses caras no mundo.
NOTA: 6,0
Bem, Os Mercenários não é um filme de se desdenhar por completo, vá lá, ele até que tem seus momentos. Mas é curioso ver Stallone, após um grande filme sobre o peso da idade e redenção chamado Rocky Balboa, ainda ter a audácia de criar um roteiro em que se auto-proclama super-herói de ação indestrutível. Diferente de outros roteiros seus como Alta Velocidade ou Rambo IV em que o profissional superior sai da aposentadoria para provar que ainda é o tal, neste, seu personagem está na ativa, é o melhor no que faz e parece nem pensar em parar. Sly, ao que consta, deve sofrer do complexo de Narciso. E ao reunir um “dream team” dos filmes de ação (Jason Statham, Jet Li, Dolph Lundgren, Mickey Rourke, Randy Couture), criou um filhote bastardo dos anos 1980 com maquinário do século XXI. Stallone parece se garantir a cada novo filme que dirige, põe tudo no lugar certo, coreografa tudo corretamente e evita certos vícios de câmera; contudo, é no roteiro que ele comete o maior pecado. Ao amarrar toda a trama num fiapo de premissa (grupo de mercenários duros-na-queda são contratados para acabar com a ditadura de um país da América Central), Stallone dá margem a uma infinidade de problemas, onde nem os atores mais jovens conseguem sair ilesos.
É um problema grave. A intriga do filme é, de certo modo, juvenil demais. Stallone deu vida a um Esquadrão Classe A de brutamontes. O pior: com a maioria acima da idade e ainda fazendo coisas com a mesma desenvoltura que faziam 25 anos atrás. Ok, nenhum deles é ator shakespeariano, daí não importa se excedem na canastrice. Mas ver a brasileira Giselle Itié - que também não é nenhuma Fernanda Montenegro - apenas recitar diálogos em inglês com um sotaque portunhol, é vergonhoso demais. Stallone não desenvolve os personagens (pra quê mesmo?), por isto, nenhum dos atores merece destaque. As cenas de ação até que são bem desenvolvidas, apesar dos exageros. Ao menos ganhou o ingresso para sua exibição no Domingo Maior da Globo. A saraivada de tiros e explosões chega a ser ensurdecedora. Além do que, Stallone não amenizou na violência. Pra você que se excita com membros e cabeças decepadas em abundância eis o filme pornô ideal! O diretor/ator não é de meias palavras, e apenas justifica a ação com ação. E ainda suplanta as partes técnicas tentando engrandecer o filme. A trilha sonora, por exemplo, é excessivamente heróica fora de hora. Sem falar que ele, o próprio personagem principal, no alto de seus 64 anos, realiza proezas que, definitivamente, sua idade não permite - e ainda sai sem nenhum arranhão! Até os carros velhos do filme vão além de sua capacidade. Ninguém parece se importar de bancar o idiota. E Stallone ainda força os atores a proferir diálogos vexatórios (que fazem corar até os leitores de Stephanie Meyer) e entrecorta as cenas tensas com momentos ternos (esperem para ver Mickey Rourke se emocionar ao contar sobre uma vida que não salvou). E ainda temos o grande encontro dos grandes astros dos anos 1980. A cena que reúne Stallone, Schwarzenegger e Bruce Willis é uma tremenda decepção. Cheia de piadinhas irônicas sem graça, ela não funciona e nem é tão necessária à trama. Os Mercenários são como os músculos de um halterofilista anabolizado: tem tamanho e agressividade mas são uma farsa. Stallone criou o seu filme de macho dos anos 2000. Mas eu era que não queria ser mulher se só restassem esses caras no mundo.
NOTA: 6,0