Sabe aquelas festas de revival dos anos 1980? Quem está na minha faixa de idade já deve ter ido a alguma. No início você está com aquela euforia toda. Dança, pula e canta. Só que, da metade para o fim da festa, você começa a cansar daquilo tudo e aquela animação inicial se transforma em chatice. Pois bem, sai da sessão de Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal com a mesma sensação. Todo aquele prazer de ver Indy pela primeira vez na tela grande, todo o saudosismo de uma era e toda a nostalgia foram dando lugar a frustração do óbvio. Mais do mesmo. Calma, não estou dizendo que o filme é ruim, pelo contrário, é ótimo. Porém, deixa a sensação de que poderia ter sido melhor. E vontade não faltou.
Steven Spielberg e George Lucas visivelmente fizeram desta quarta aventura um filme para fãs. Eles mesmos confirmaram isto. E por esta razão, o maior trunfo da trilogia é o desastre deste novo filme: a fórmula. E é isso mesmo, o filme sendo para fãs (eu incluso), tinha uma estética a seguir. Mas... poderiam ter feito melhor. Tudo bem se Indiana Jones é um anacronismo no nosso tempo. Se é low tech demais diante da ação e edição frenética dos filmes de verão de hoje. Só que, mesmo isto sendo bom, não custava nada tirar um pouco o pé do freio e quebrar as regras do sucesso, dando um nova roupagem ao longa sem perder sua essência. Ora bolas, se com o Batman e James Bond funcionou, porque não funcionaria com Indy?
Tudo está no seu lugar: a abertura eletrizante, o humor involuntário, a cena de ação no miolo, a perseguição exagerada e o clímax apoteótico. Harrison Ford ainda continua vigoroso; o clima da Guerra Fria funcionou bem; a antítese do herói, interpretada por Cate Blanchett, é perfeita - seu sotaque, então; e o artefato procurado era crível o bastante (e o mito em torno dele era de gelar a espinha). Mas... será possível que fui o único que não saiu 100% satisfeito do cinema? Então, vale ressaltar que foram os detalhes que baixaram um pouco a minha nota. E se ater demais a eles foi o motivo da minha insatisfação. São só detalhes, sei, mas o conjuntos deles faz toda a diferença. Um exemplo: a cena da perseguição na floresta amazônica. Ela é exagerada demais. Ok, todas as outras perseguições dos outros filmes eram exageradas. Só que, dentro do contexto em que foram criadas - a década de 1980, elas se tornam espetaculares. Já neste novo filme, ela é, por vezes, intragável. Talvez pelo fato de querer ser nerd demais. Talvez pelo fato de Spielberg querer resgatar um espírito de duas décadas atrás. Ou talvez pelo simples fato de querer conquistar uma platéia mais cínica, ávida por ação pastelão no melhor estilo Piratas do Caribe. Macacos? Esgrima entre dois carros? Salto de um penhasco? Formigas gigantes? Por favor... Esta última, inclusive, me fez lembrar os escaravelhos de A Múmia. É o original copiando a cópia. É o feedback da cultura pop. Parafraseando Darth Vader: "The circle is now complete".
Bom, em suma, Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal é um ótimo filme. Porém, faltou um pouquinho de ousadia. E, convenhamos, repetir uma velha fórmula aplicando-lhe uma pitada de ousadia, sem sair do estilo e sem excessos, não faria mal a ninguém. Nem ao velho Indy. Do jeito que está, é uma aventura de primeira grandeza. Só que está longe de ser clássica. É apenas uma continuação de três filmes clássicos.
NOTA: 9,0
Steven Spielberg e George Lucas visivelmente fizeram desta quarta aventura um filme para fãs. Eles mesmos confirmaram isto. E por esta razão, o maior trunfo da trilogia é o desastre deste novo filme: a fórmula. E é isso mesmo, o filme sendo para fãs (eu incluso), tinha uma estética a seguir. Mas... poderiam ter feito melhor. Tudo bem se Indiana Jones é um anacronismo no nosso tempo. Se é low tech demais diante da ação e edição frenética dos filmes de verão de hoje. Só que, mesmo isto sendo bom, não custava nada tirar um pouco o pé do freio e quebrar as regras do sucesso, dando um nova roupagem ao longa sem perder sua essência. Ora bolas, se com o Batman e James Bond funcionou, porque não funcionaria com Indy?
Tudo está no seu lugar: a abertura eletrizante, o humor involuntário, a cena de ação no miolo, a perseguição exagerada e o clímax apoteótico. Harrison Ford ainda continua vigoroso; o clima da Guerra Fria funcionou bem; a antítese do herói, interpretada por Cate Blanchett, é perfeita - seu sotaque, então; e o artefato procurado era crível o bastante (e o mito em torno dele era de gelar a espinha). Mas... será possível que fui o único que não saiu 100% satisfeito do cinema? Então, vale ressaltar que foram os detalhes que baixaram um pouco a minha nota. E se ater demais a eles foi o motivo da minha insatisfação. São só detalhes, sei, mas o conjuntos deles faz toda a diferença. Um exemplo:
Bom, em suma, Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal é um ótimo filme. Porém, faltou um pouquinho de ousadia. E, convenhamos, repetir uma velha fórmula aplicando-lhe uma pitada de ousadia, sem sair do estilo e sem excessos, não faria mal a ninguém. Nem ao velho Indy. Do jeito que está, é uma aventura de primeira grandeza. Só que está longe de ser clássica. É apenas uma continuação de três filmes clássicos.
NOTA: 9,0