sábado, 27 de junho de 2009

Star Trek

Há uma verdade absoluta que diz que o bom filme é aquele que agrada o público e a crítica. Em outras palavras, o retorno financeiro e o porta-voz do marketing. Mas a crítica especializada é um mero detalhe quando no público há gregos e troianos, sérvios e croatas, católicos e protestantes, xiitas e sunitas. Daí o verdadeiro bom filme é aquele que agrada ambas as partes: os fãs radicais e os iniciantes. E Star Trek, 11º longa-metragem da série cinematográfica derivada do seriado televisivo dos anos 1960 criado por Gene Roddenberry, consegue essa homérica proeza. Você realmente vai adorar o filme, independentemente de não ser um trekker, nerd, geek ou freak.

Ao ser escolhido para dirigir a parte zero da franquia e dar-lhe novo fôlego, o diretor J.J. Abrams, sumidade entre os nerds, pôs a mão numa colméia cheia de abelhas italianas ferocíssimas. E embora este seja apenas o seu 2º longa nos cinemas, Abrams mostrou uma segurança incrível no comando desta nova empreitada. Mas isto não seria possível caso não tivesse sido bem amparado pelo roteiro coeso, inteligente e bem amarrado de Roberto Orci e Alex Kurtzman. Abrams criou o filme perfeito para a série. Até mesmo os que jamais puseram os olhos num Jornada nas Estrelas vão sair íntimos dos personagens e termos ao fim da sessão. Não é exagero dizer que o diretor conseguiu ir além dos confins da fronteira final.

O novo longa foca o nascimento e o crescimento do capitão Kirk e do Sr. Spock. E em como dois seres completamente distintos e de visões diferentes se tornaram a dupla mais famosa da cultura pop. Nada do companheirismo suspeito de Sam e Frodo ou do dinamismo disfarçado de Robin e Batman. Kirk e Spock eram amigos de verdade e, não me entendam mal, se completavam. Além de ficção científica, Star Trek fala da amizade entre dois homens e de como o surgimento da mesma definiu o rumo das missões da Entreprise. Kirk tendo que aceitar seu fado genético e Spock tendo que lidar com o dilema ilógico de não querer ter emoções. Chris Pine e Zachary Quinto abraçam com amor seus papéis e ainda o fazem parecer o mesmo personagem que tanto admiramos ao manterem certos cacoetes pessoais criados pelos seus interpretes clássicos. O Kirk de Pine ainda continua prepotente e canastrão como o de William Shatner e o Spock de Quinto ainda é frio e incisivo como o de Leonard Nimoy (que, aliás, também está no filme!). Fascinante.

E mesmo com a trama girando em torno da dupla, Abrams ainda dá espaço para toda tripulação - Uhura, Checov, Sulu, McCoy e Scott. Todos estão bem desenvolvidos e tem seu espaço, deixando até em certos momentos a condição de ilustres coadjuvantes e sendo importantes no desenrolar da ação. Falando em ação, não há porque negar que as cenas espaciais são empolgantes à beça. Difícil se conter na cadeira tamanha a euforia que elas proporcionam. O diretor põe na dose certa suspense, emoção e humor numa mesma seqüência, deixando-a mais instigante e crível, jamais abusiva, da forma como ele sempre fez em suas criações televisivas. Star Trek agora abraça o futuro. Futuro este já anunciado há 40 anos, tão familiar e nem um pouco surpreendente para os dias de hoje, mas um tanto exagerado e, convenhamos, um tanto jurássico se olharmos para trás. Esta é a evolução do cinema. Esta é a evolução da franquia. E depois deste renascimento, esperamos que, de agora em diante, Star Trek tenha uma vida longa e próspera.

NOTA: 9,5

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