Existe uma música dos anos 1980 de autoria de Ritchie e Bernardo Vilhena chamada A Mulher Invisível. A letra não tem nada a ver com nada, fala de uma mulher invisível (!) que passa por tudo e por todos sem ser notada (!!). E numa das frases dessa música retrô-futurista os autores a descrevem como “pura energia”. Talvez tenha sido pensando nesta bendita frase que o diretor Cláudio Torres criou a personagem de Luana Piovani no filme A Mulher Invisível. E não. Antes que alguém pense que o filme é baseado na música, ou sequer tenha sido inspirado em sua letra, não. Apenas seus títulos são homônimos.
Em seu 3º longa-metragem (Traição não conta), Cláudio Torres mescla as qualidades de seus dois anteriores - a surrealidade do roteiro e o protagonista perdido em si de Redentor e a comédia escrachada de A Mulher do Meu Amigo - e funde tudo numa aposta mais lucrativa, porém arriscada: a comédia romântica. Para o papel principal convocou Selton Mello. Daí abre-se uma discussão: Torres fez isso como prova de confiança, já que o ator tem talento de sobra para entreter o público, ou como jogada de marketing, já que ele é garantia de bilheteria certa? Não se sabe. O fato é que Selton segura o filme inteiro nas costas sem fazer muito esforço. Ele interpreta Pedro, um jovem boa-pinta, bem de vida e feliz com a mulher de sua vida... até levar um baita fora dela e cair numa depressão desmedida. Ele perde a razão de viver e aos poucos vai perdendo tudo, o emprego, as coisas de casa, os amigos e a sanidade. E é aí que surge Amanda. Interpretada com certa presunção por Luana Piovani, a dita cuja é o expoente da mulher ideal: prestativa, carinhosa, tarada, vidrada em futebol, compreensiva e dedicada. Ah, e adora andar de lingerie pela casa. Maravilha! O problema, como bem sabemos, é que mulher ideal não existe e Amanda é apenas fruto da imaginação e do desespero de Pedro. E ele é o único que não sabe disto. Eis que as confusões estão apenas começando.
Não obstante o fato de Luana Piovani desfilar quase o tempo inteiro em trajes sumários, é Selton Mello quem é dono do filme inteiro. O cara é realmente demais e cria uma empatia instantânea com a platéia. Bom ator e ótimo comediante, Selton dá um show principalmente quando está atuando sozinho. Ele engraçado até quando não faz graça. As cenas da ida ao cinema e da descoberta da não existência de Amanda são de rachar o bico. O roteiro em si não traz nenhuma novidade, mas abre espaço suficiente para Selton brilhar. Além dele e de Luana, Torres também desenvolve bem os coadjuvantes, ancorando-os na personalidade esquizofrenicamente apaixonada de Pedro. Maria Manoella faz a vizinha xereta que nutre uma paixão platônica pelo protagonista; Vladimir Brichta interpretando pela enésima vez o canalha de bom coração é o melhor amigo e Fernanda Torres dá vida a um tipo de Vani mais “normal”. E mesmo apostando pesado na comédia, o diretor não foge do óbvio das regras dos romances e conclui a obra com um infalível final feliz. Se estas duas palavras juntas não te agradam, não tema, até lá você já tem comprada a piada e as inúmeras risadas compensam o desfecho clichê. De sobremesa, Cláudio Torres deixa uma música-chiclete do Ramones tocar ao longo dos créditos finais e empurra uma moralzinha básica de que uma desilusão amorosa pode doer, mas também pode ser bastante engraçada. Que atire a primeira pedra quem nunca se sentiu um boboca depois de um fora.
Em seu 3º longa-metragem (Traição não conta), Cláudio Torres mescla as qualidades de seus dois anteriores - a surrealidade do roteiro e o protagonista perdido em si de Redentor e a comédia escrachada de A Mulher do Meu Amigo - e funde tudo numa aposta mais lucrativa, porém arriscada: a comédia romântica. Para o papel principal convocou Selton Mello. Daí abre-se uma discussão: Torres fez isso como prova de confiança, já que o ator tem talento de sobra para entreter o público, ou como jogada de marketing, já que ele é garantia de bilheteria certa? Não se sabe. O fato é que Selton segura o filme inteiro nas costas sem fazer muito esforço. Ele interpreta Pedro, um jovem boa-pinta, bem de vida e feliz com a mulher de sua vida... até levar um baita fora dela e cair numa depressão desmedida. Ele perde a razão de viver e aos poucos vai perdendo tudo, o emprego, as coisas de casa, os amigos e a sanidade. E é aí que surge Amanda. Interpretada com certa presunção por Luana Piovani, a dita cuja é o expoente da mulher ideal: prestativa, carinhosa, tarada, vidrada em futebol, compreensiva e dedicada. Ah, e adora andar de lingerie pela casa. Maravilha! O problema, como bem sabemos, é que mulher ideal não existe e Amanda é apenas fruto da imaginação e do desespero de Pedro. E ele é o único que não sabe disto. Eis que as confusões estão apenas começando.
Não obstante o fato de Luana Piovani desfilar quase o tempo inteiro em trajes sumários, é Selton Mello quem é dono do filme inteiro. O cara é realmente demais e cria uma empatia instantânea com a platéia. Bom ator e ótimo comediante, Selton dá um show principalmente quando está atuando sozinho. Ele engraçado até quando não faz graça. As cenas da ida ao cinema e da descoberta da não existência de Amanda são de rachar o bico. O roteiro em si não traz nenhuma novidade, mas abre espaço suficiente para Selton brilhar. Além dele e de Luana, Torres também desenvolve bem os coadjuvantes, ancorando-os na personalidade esquizofrenicamente apaixonada de Pedro. Maria Manoella faz a vizinha xereta que nutre uma paixão platônica pelo protagonista; Vladimir Brichta interpretando pela enésima vez o canalha de bom coração é o melhor amigo e Fernanda Torres dá vida a um tipo de Vani mais “normal”. E mesmo apostando pesado na comédia, o diretor não foge do óbvio das regras dos romances e conclui a obra com um infalível final feliz. Se estas duas palavras juntas não te agradam, não tema, até lá você já tem comprada a piada e as inúmeras risadas compensam o desfecho clichê. De sobremesa, Cláudio Torres deixa uma música-chiclete do Ramones tocar ao longo dos créditos finais e empurra uma moralzinha básica de que uma desilusão amorosa pode doer, mas também pode ser bastante engraçada. Que atire a primeira pedra quem nunca se sentiu um boboca depois de um fora.
NOTA: 9,0
Um comentário:
O filme é engraçado e tem final feliz. Não é pra isso que as comédias românticas existem? hehehehe
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