É tudo questão de timing. Não tem essa de ser metido a engraçado, fazer o público rir a custa de palhaçadas histéricas ou de escatologia verbal. Para se fazer comédia o ator tem que ter timing, ser engraçado por natureza. E diferente do que muitos pensam, fazer comédia não é fácil. Não é para qualquer um. Do humor ingênuo de Chaplin e Keaton, passando pelo non sense do Monty Python, o pastelão dos Trapalhões, até o humor de confronto tão em uso atualmente, a comédia sempre está se reciclando, por mais que o que seja feito hoje em dia seja uma saraivada de tudo o que já foi feito antes. Mas ao se fazer humor com o improvável, surge um novo alento para nossos olhos. E quando um filme com três caras desconhecidos se torna uma das maiores bilheterias do ano com uma censura 18 anos, pode olhar que aí tem coisa.
Se Beber Não Case é o improvável do óbvio. É uma comédia pra lá de engraçada, sem nenhum nome tão conhecido no elenco, realizada por um diretor talentoso, porém apelativo, sem tanto apelo junto ao grande público. O diretor Todd Phillips tem no currículo apenas uma comédia digna de nota, Dias Incríveis, de 2003 (que, confesso, sou fã). Então não existe pressão nem expectativa da parte de ninguém no lançamento de qualquer projeto seu. Quando Se Beber Não Case estreou na surdina em pleno verão norte-americano, quem apostaria que um projeto sem nomes de peso iria fazer sucesso? Pois fez. Com uma premissa pra lá de manjada – uma despedida de solteiro que dá errado – nasceu a melhor comédia adulta do ano. E não se admire se você achar aquilo tudo familiar, qualquer semelhança com qualquer ressaca sua é mera coincidência.
A história começa quando quatro amigos resolvem celebrar o último dia de vida antes do casamento de um deles (Justin Bartha) em Las Vegas. O problema é que depois de uma noitada daquelas e de uma ressaca homérica, ninguém se lembra de absolutamente nada e, para piorar, o noivo sumiu. Se esta breve sinopse já te fez rir, prepare-se para as surpresas. Agora, diferente do filme-modelo dessa classe de comédias (A Última Festa de Solteiro, com Tom Hanks), Se Beber Não Case não foca na noite de esbórnia e luxúria dos amigos, e sim nas conseqüências da mesma. Os outros três sobreviventes interpretados por Bradley Cooper, Ed Helms e Zach Galifianakis (este último é um achado e desde já merece o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante) partem numa epopéia pela cidade dos cassinos em busca de noivo e de descobrir o que realmente aconteceu. Acredite, quanto menos você souber a partir daqui melhor.
Se Beber Não Case é um caso extra nos cinemas. Uma comédia adulta, com pessoas adultas que se comportam como adultas. Por isso, nada de passar constrangimento com atitudes infantis. O constrangimento aqui se resume ao fato de um pileque apocalíptico ter praticamente acabado com a memória de uma farra espetacular. E é nesse outro quesito que a comédia ganha mais pontos. Todd Phillips não faz o óbvio de explicar a cada frame de filme o que houve na noite anterior, pelo contrário, ele reserva as piadas para o resultado e as seqüelas do que ocorreu. O destino do noivo e as diabruras dos outros três amigos ficam apenas na imaginação. Somos espectadores ativos da história e compartilhamos com eles a total falta de senso perante aquela ressaca. O que eles sabem é o que nós sabemos. E o que eles descobrem nós descobrimos com eles durante toda a projeção. O que é motivo de vergonha para eles, é motivo de riso para nós. E lá pelas tantas, já no fim do filme, quando já passamos por quase todo tipo de reação por conta daquela noite de loucuras e quando praticamente não importa mais o que realmente aconteceu, eles encotram a máquina digital que registrou tudo. E junto com eles fazemos uma promessa de ver aquilo por uma única vez e esquecer toda aquela infâmia. E é no ápice do final feliz, no subir dos créditos que reside toda a graça do filme. Se você não rachar o bico de tanto rir no fim do filme, pode procurar um analista. Ou o seu pulso. E se você achar que Se Beber Não Case é um filme chato e sem graça, não se preocupe. Ninguém vai notar se você sumir. Pode voltar pro Zorra Total que ninguém vai te crucificar por isto. Cê tá pagando, né!?
NOTA: 9,0
Se Beber Não Case é o improvável do óbvio. É uma comédia pra lá de engraçada, sem nenhum nome tão conhecido no elenco, realizada por um diretor talentoso, porém apelativo, sem tanto apelo junto ao grande público. O diretor Todd Phillips tem no currículo apenas uma comédia digna de nota, Dias Incríveis, de 2003 (que, confesso, sou fã). Então não existe pressão nem expectativa da parte de ninguém no lançamento de qualquer projeto seu. Quando Se Beber Não Case estreou na surdina em pleno verão norte-americano, quem apostaria que um projeto sem nomes de peso iria fazer sucesso? Pois fez. Com uma premissa pra lá de manjada – uma despedida de solteiro que dá errado – nasceu a melhor comédia adulta do ano. E não se admire se você achar aquilo tudo familiar, qualquer semelhança com qualquer ressaca sua é mera coincidência.
A história começa quando quatro amigos resolvem celebrar o último dia de vida antes do casamento de um deles (Justin Bartha) em Las Vegas. O problema é que depois de uma noitada daquelas e de uma ressaca homérica, ninguém se lembra de absolutamente nada e, para piorar, o noivo sumiu. Se esta breve sinopse já te fez rir, prepare-se para as surpresas. Agora, diferente do filme-modelo dessa classe de comédias (A Última Festa de Solteiro, com Tom Hanks), Se Beber Não Case não foca na noite de esbórnia e luxúria dos amigos, e sim nas conseqüências da mesma. Os outros três sobreviventes interpretados por Bradley Cooper, Ed Helms e Zach Galifianakis (este último é um achado e desde já merece o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante) partem numa epopéia pela cidade dos cassinos em busca de noivo e de descobrir o que realmente aconteceu. Acredite, quanto menos você souber a partir daqui melhor.
Se Beber Não Case é um caso extra nos cinemas. Uma comédia adulta, com pessoas adultas que se comportam como adultas. Por isso, nada de passar constrangimento com atitudes infantis. O constrangimento aqui se resume ao fato de um pileque apocalíptico ter praticamente acabado com a memória de uma farra espetacular. E é nesse outro quesito que a comédia ganha mais pontos. Todd Phillips não faz o óbvio de explicar a cada frame de filme o que houve na noite anterior, pelo contrário, ele reserva as piadas para o resultado e as seqüelas do que ocorreu. O destino do noivo e as diabruras dos outros três amigos ficam apenas na imaginação. Somos espectadores ativos da história e compartilhamos com eles a total falta de senso perante aquela ressaca. O que eles sabem é o que nós sabemos. E o que eles descobrem nós descobrimos com eles durante toda a projeção. O que é motivo de vergonha para eles, é motivo de riso para nós. E lá pelas tantas, já no fim do filme, quando já passamos por quase todo tipo de reação por conta daquela noite de loucuras e quando praticamente não importa mais o que realmente aconteceu, eles encotram a máquina digital que registrou tudo. E junto com eles fazemos uma promessa de ver aquilo por uma única vez e esquecer toda aquela infâmia. E é no ápice do final feliz, no subir dos créditos que reside toda a graça do filme. Se você não rachar o bico de tanto rir no fim do filme, pode procurar um analista. Ou o seu pulso. E se você achar que Se Beber Não Case é um filme chato e sem graça, não se preocupe. Ninguém vai notar se você sumir. Pode voltar pro Zorra Total que ninguém vai te crucificar por isto. Cê tá pagando, né!?
NOTA: 9,0
Um comentário:
Ameiiiiiiiiii...quase morro de rir; e olha que ultimamente não é uma tarefa muito fácil arrancar de mim uma boa risada.
Sempre que acordo de ressaca conto todos o dentes da boca...e felizmente, até hoje, só encontrei no jardim de casa um mero gatinho!ufa!
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