Sabe aquela introdução da crítica de O Orfanato lá embaixo? Pois é, todo aquele blá, blá, blá, se é que alguém leu, também poderia servir de abertura aqui. Se O Orfanato é um exemplo de como se faz um filme de terror dos bons, Imagens do Além é o contra-exemplo. O longa tem simplesmente todos os defeitos que não deveriam aparecer em filmes do gênero. Tudo, mas tudo mesmo, que deveria ser evitado para não se cair na vala comum está presente. E o pior: ninguém parece incomodado com isto.
A história se passa no Japão. E é dirigida por um nipônico. Mas, diferente do que se pense, o longa é uma refilmagem de uma obra trash tailandesa. E o elenco americano só denota que, no meio dessa salada toda, o azeite é hollywoodino. Então, não é de se espantar a desgraça que esta marca às vezes proporciona. Sem ligar um pouco para a introdução coincidentemente fantasmagórica de Encontros e Desencontros (recém-casados se mudam para o Japão, ele fotógrafo, ela a esposa abandonada perdida num país estranho), somos jogados numa trama onde o espírito de uma mulher supostamente atropelada começa a perseguir os protagonistas e aparecer em fotos sem alguma explicação aparente. O problema é que a “surpresa” de todo esse mistério é, pra ficar dentro do tema espiritual, psicografada antes da metade da projeção. A partir daí, salvo alguma exceções como a presença assustadora da atriz Megumi Okina que interpreta o espectro amaldiçoado e a cena arrepiante dos vultos entre os disparos dos flashs fotográficos no escuro, o filme todo é um amontoado de clichês evitáveis. Parece até que os sustos - a maioria bem anti-climáticos, é bom ressaltar - eram mais importantes do que o clima aterrorizante em si, apesar do esforço evidente do diretor em querer preservá-lo. Faltou savoir-faire.
E ainda tem a dupla principal. Os dois até que se esforçam, mas não convencem como um casal. Não há química. A magérrima Rachael Taylor é quem se sai melhor na equação, embora vacile quando dá alguns pitis. Contudo, é intragável demais o modo como se envolve tão profundamente na história toda e não perde a sanidade. Maldita natureza humana, certo!? E Joshua Jackson (quem? Ah, o Pacey Witter de Dawson’s Creek), bom, melhor nem comentar. Pelo menos o final “cada um tem o que merece” ou “aqui se faz, aqui se paga” não deixa gancho para uma continuação. Hollywood um dia aprende, eu tenho fé.
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