O longa de estréia do mexicano Juan Antonio Bayona tem uma premissa simples. Envolve passado, crianças, paranóia, paranormalidade e espíritos. Filmes com enredo comum, quando bem conduzidos, rendem pérolas como Os Inocentes e Os Outros; nas mãos mercenárias de um diretor operário somam ao trash obras dispensáveis como O Amigo Oculto. Sob a direção de Bayona e com o amparo na produção de Guillermo del Toro (expert em orfanatos desde que fez A Espinha do Diabo), o filme não só é bem conduzido como evolui a cada corte. E apesar do óbvio, não esperem fantasminhas japoneses carregados de maldições. A diferença toda do longa está no fugir do óbvio, do não saber o que está acontecendo. Nada é explícito, ninguém morre sem motivo, nem sustos fáceis são jogados desnecessariamente. A “graça” está no bom jogo de mostrar pouco e aos poucos. O clima desconhecido e angustiante rege o tom aterrorizante. Os fantasmas aqui habitam seu purgatório particular, não querem mexer com ninguém e nem querem ser ouvidos. Nós, vivos, é que entramos sem ser convidados no seu mundo sobrenatural, e o sumiço de uma criança é o estopim que força-nos à curiosidade mórbida de descobrir o querem e se têm algo a nos contar. Maldita natureza humana!
Bem amarrado e de um primor técnico de fazer corar alguns longas de terror e suspense de Hollywood (a fotografia e a trilha sonora são bons exemplos), o filme até peca em determinados momentos, mas, de seu início arrasador (os créditos de abertura bem que poderiam ter saído da mente bizarra de Tim Burton) até seu clímax com uma reviravolta de trincar os dentes, não há quem não se envolva por inteiro. E seu final “feliz” vem apenas para comprovar uma tese de que mortos não fazem mal a ninguém, nós é que fazemos mal a eles. Ops, espero não ter estragado nada. Acho que a mestra das resenha dos filmes de terror, Thalita, não cometeria essa gafe. Quer saber, não entreguei nada não. Se você não viu, veja porque o filme é uma obra-prima a ser descoberta.
NOTA: 9,5
4 comentários:
Nossa que filme, hem? Eu gostei.
Henrique, não assisti esse filme...
mas estou aqui só para te dizer que você é o mais novo editor KLICCARIRI....
dê uma olhadinha no site
http://www.kliccariri.com.br
ah... já ia me esquecendo
a CANIFEL também está divulgada na HomePage
Nossa, corei. Obrigada pelo mestra, apesar de realmente não achar que é pra tanto, rsrs.
Eu assiti esse filme duas vezes já, mas não escrevi nada sobre ele lá no Pipoca porque eu assisti essas duas vezes em épocas em que escrever era algo impossível. E agora queria assistir novamente antes de fazer a resenha, porque esse filme merece algo escrito com ele fresquinho na memória.
Enfim, falei demais. Só queria dizer mesmo que O Orfanato é excelente mesmo!
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