quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Ressaca de Amor

Há uma nova tendência no cinema norte-americano: a dos filmes cada vez mais calcados na realidade. Ok, não falei nenhuma novidade. Só que não são apenas os filmes de ação que querem ser críveis ao grande público. A tendência anda abrangendo também as comédias românticas. Se antes as namoradas nos forçavam a assistir filmes melosos com piadas femininas sem graça e com um final clichê que as faziam suspirar e a nós corar, com essa nova onda de comédias, é bem provável que em breve o oposto venha a acontecer. O motivo mais evidente para esta reviravolta talvez seja o fato de as histórias sejam mais voltadas aos protagonistas masculinos e que os mesmos, vá lá, andem fugindo dos padrões atuais de beleza. Não é piada não.

Foi-se o tempo em que os Tom Hanks e os Freddie Prinze Jr. da vida faziam as mulheres sonhar com os homens perfeitos que interpretavam. Belos, bem decididos e românticos ao ponto de largarem tudo para ficarem com a mulher que aprenderam a amar ao longo da metragem do filme. Este tempo, claro, ainda teima em não acabar, contudo, a realidade tende a tomar conta dos sentimentos. As bilheterias estão aí para provar. Agora, não que esses anti-galãs andem atraindo o público masculino ou tenham um feromônio irresistível às mulheres, mas o fato de serem mais ‘comuns’ os torna mais identificáveis conosco. É mais fácil crer que um cara desses consiga externar seus sentimentos do que um improvável homem perfeito. O amor, como bem sabemos, também pode ser feio e nem sempre a dor leva a redenção.

Ressaca de Amor é um achado em meio tanta baboseira que é lançada mensalmente nos cinemas. A história é simples - depois de 5 anos de relacionamento, cara leva fora da namorada e terá que passar pelo longo suplício de ter que esquecê-la -, mas consegue envolver, mesmo ao longo de quase duas horas. Claro que, momentos chatos não faltam (uma ou outra sub-trama sem graça), mas o roteiro bem sacado do ator Jason Segel faz as compensações necessárias para não matar ninguém de tédio. Se o público não riu com determinada piada, ele manda uma mais engraçada na seqüência. Aliás, o próprio Jason é o protagonista da obra. Fazendo a linha ‘Will Ferrel menos histérico’, ele não tem vergonha de se expor ao ridículo e se submete com prazer a todas as humilhações as quais seu personagem é agraciado. Ponto para ele.

O filme também ganha pontos por mostrar o ponto de vista masculino (sem machismos) em relação a um fora. Em outras palavras, nos torna também vítimas. Homens também sofrem. E sofrer também pode ser engraçado. No fim, quando tudo parece se resolver, sentimentos de incertezas e contradições tomam conta dele e de sua ex-amada Sarah Marshall (Kristen Bell, também abraçando com amor sua personagem megera), eis que o que iria descambar para o previsível acaba fugindo do óbvio. A moral da história é que, para acabar com a tristeza nem sempre é necessário voltar atrás. Ou que o verdadeiro amor nem sempre está onde nós pensamos que deve estar. E isto também não é nenhuma novidade.

NOTA: 8,5

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