O Curioso Caso de Benjamin Button é um paradoxo. É um filme de David Fincher que menos se parece com um filme de David Fincher ao mesmo tempo que é todo David Fincher. Confuso? Pois não fique. Toda essa minha retórica de nada serve, foi apenas um devaneio displicente de alguém que viu uma obra-prima emanar da tela do cinema. Presenciar um evento desses em ambiente natural (a tela grande) só me faz gostar ainda mais de cinema e perceber o quanto àquelas imagens e palavras ali vivenciadas mexem com a gente de maneira inexplicável. Perdoem-me por tamanho eufemismo, mas o filme me abalou de verdade.
Que fique claro uma coisa: a única semelhança entre Benjamin Button e Forrest Gump é o fato de Eric Roth assinar o roteiro dos filmes de ambos. E só. Mesmo que alguns desocupados na internet atentem semelhanças aos dois, o filme de David Fincher em nada lembra o oscarizado longa de Robert Zemeckis. Do início ao fim O Curioso Caso de Benjamin Button é de uma melancolia indescritível. É um filme triste, por vezes engraçado, mas triste em sua concepção e conclusão. Toda a tristeza ali vista é acentuada pela fotografia em tom pastel de Claudio Miranda, pela trilha soturna de Alexandre Desplat e pela direção detalhista de Fincher. Sem falar em Brad Pitt, imerso de corpo e alma em Benjamin Button (e melhorando como ator a cada novo papel). Ele molda a personalidade e o caráter de Benjamin de forma tão crível que nos envolve de forma quase paternal no seu carma. Nós rimos com ele, torcemos por ele, vibramos com ele a cada novo feito, sofremos com ele e choramos por ele. Nós somos expectadores passivos de sua felicidade disfarçada. Já Cate Blanchett, ótima como sempre, é a outra metade Button, é a expectadora ativa de sua trajetória nada convencional. É em sua Daisy que repousa toda a história do homem que nasce velho e morre jovem. E todo o amor dele.
Por falar em amor, o roteiro de Roth foca justamente nele. Seu surgimento, seu ápice e seu inevitável fim. Porém, as questões que Fincher deixou são a respeito da vida e da morte. Digamos que esta última é uma constante no longa. Nosso fado, nossa única certeza. Button nos deixa claro que nunca se é novo demais ou velho demais para a vida. Fincher deixa uma pergunta: quando exatamente a vida começa? Ou termina? E o texto cheiro de frases edificantes não deixa nenhuma lição de moral, por incrível que pareça. A impressão que fica é que você nunca vive o suficiente; que tudo o que você viu e aprendeu ao longo da vida de nada servem quando chega à hora da morte. Benjamin Button não percebe, mas morre da pior maneira possível: tendo acabado de nascer. Aí amigo, como na vida real, as lágrimas são inevitáveis.
NOTA: 9,5
Que fique claro uma coisa: a única semelhança entre Benjamin Button e Forrest Gump é o fato de Eric Roth assinar o roteiro dos filmes de ambos. E só. Mesmo que alguns desocupados na internet atentem semelhanças aos dois, o filme de David Fincher em nada lembra o oscarizado longa de Robert Zemeckis. Do início ao fim O Curioso Caso de Benjamin Button é de uma melancolia indescritível. É um filme triste, por vezes engraçado, mas triste em sua concepção e conclusão. Toda a tristeza ali vista é acentuada pela fotografia em tom pastel de Claudio Miranda, pela trilha soturna de Alexandre Desplat e pela direção detalhista de Fincher. Sem falar em Brad Pitt, imerso de corpo e alma em Benjamin Button (e melhorando como ator a cada novo papel). Ele molda a personalidade e o caráter de Benjamin de forma tão crível que nos envolve de forma quase paternal no seu carma. Nós rimos com ele, torcemos por ele, vibramos com ele a cada novo feito, sofremos com ele e choramos por ele. Nós somos expectadores passivos de sua felicidade disfarçada. Já Cate Blanchett, ótima como sempre, é a outra metade Button, é a expectadora ativa de sua trajetória nada convencional. É em sua Daisy que repousa toda a história do homem que nasce velho e morre jovem. E todo o amor dele.
Por falar em amor, o roteiro de Roth foca justamente nele. Seu surgimento, seu ápice e seu inevitável fim. Porém, as questões que Fincher deixou são a respeito da vida e da morte. Digamos que esta última é uma constante no longa. Nosso fado, nossa única certeza. Button nos deixa claro que nunca se é novo demais ou velho demais para a vida. Fincher deixa uma pergunta: quando exatamente a vida começa? Ou termina? E o texto cheiro de frases edificantes não deixa nenhuma lição de moral, por incrível que pareça. A impressão que fica é que você nunca vive o suficiente; que tudo o que você viu e aprendeu ao longo da vida de nada servem quando chega à hora da morte. Benjamin Button não percebe, mas morre da pior maneira possível: tendo acabado de nascer. Aí amigo, como na vida real, as lágrimas são inevitáveis.
NOTA: 9,5
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