
Confesso que nunca vi muito sentido na produção de um Toy Story 3, principalmente quando a Disney em 2005, numa jogada desleal, anunciou que lançaria o filme sem o aval e a produção da Pixar. Meses depois a empresa de Steve Jobbs seria comprada pelo estúdio do Mickey por 7,4 bilhões, a parceria se consolidaria de vez e o assunto estava encerrado. Entretanto, a própria Pixar depois anunciaria a produção da nova aventura. Então, o que esperar desse novo encontro de Woody, Buzz e seus amigos sem o comando de John Lasseter? E sabendo que Toy Story 2 já tinha, de certo modo, concluído a série de forma perfeita. O diretor Lee Unkrich, co-diretor da parte dois, manteve o espaço de 10 anos que separa os dois capítulos na cronologia da história e levou a aventura para um caminho óbvio, porém instigante: o que aconteceria com os brinquedos quando Andy crescesse? E é justamente nesta premissa simples que reside toda a grandiosidade do longa. Unkrich direciona a história dos brinquedos para os adultos que há muito deixaram de brincar, sem esquecer de agradar as crianças que aprenderam a amar o caubói Woody e o patrulheiro do espaço Buzz graças a seus pais - que voltaram a ser criança em 1995 quando o primeiro Toy Story foi lançado.
A abertura do filme é simplesmente genial, com muita ação, emoção e humor mostrando a fundo como funciona a imaginação de uma criança brincando. Não se assuste caso você saiba os diálogos de cor porque eles remetem a abertura do primeiro longa, só que de forma mais inovadora. Os minutos iniciais também servem para provar que a Pixar tem força de peitar qualquer blockbuster do verão, não deixando a desejar perto de nenhum. E após vermos Andy em um momento de euforia absoluta com seus brinquedos, em alguns segundos o vemos crescer e se tornar um adolescente às vésperas de ir para a faculdade. Na verdade este segmento é uma brincadeira do diretor que sintetiza o passar dos anos, expondo bem o crescimento de Andy em comparação com o crescimento do estúdio num velho dizer dos pais de que “os filhos crescem sem que a gente perceba”.
Os heróis de Toy Story, postos a serem guardados para o resto da vida, mais uma vez lidam com dilemas humanos como abandono, exclusão e agora são obrigados a se adaptar às mudanças da vida, tendo ainda a amizade como foco principal. Com exceção de Woody, todos os brinquedos aceitam que Andy cresceu e vêem na creche Sunnyside a oportunidade de se sentirem novamente “vivos” brincando com crianças. O caubói destemido acaba indo por engano para a casa da menina Boonie e redescobre o prazer de brincar ao mesmo tempo em que vê seus amigos em apuros - a creche é mantida em regime ditatorial pelo vilão mais improvável do mundo, um urso de pelúcia cor-de-rosa que cheira a morango chamado Lotso (a cena que explica como Lotso surtou é ao mesmo tempo comovente e assustadora). Woody parte em resgate de seus amigos e descobre que sair de Sunnyside é tão intricado quanto fugir de alcatraz. Toy Story 3 vai numa crescente alternado momentos hilários (qualquer cena com o boneco Ken ou com Buzz no “modo latino”) e cenas de encher os olhos, culminando num clímax espetacular com direto a muita ação, reviravoltas chocantes e um instante de desesperança. A Pixar sabe bem como mexer com as emoções da platéia. E ao chegar ao seu desfecho, Toy Story 3 coroa o fechamento da trilogia com um epílogo de cortar o coração. A lição deixada (para os adultos), apesar do ‘crescer é inevitável’, é que mesmo na hora do adeus, nunca se é tarde para uma última vez. E que brincar e ser criança é uma delícia. Não se envergonhe se você vier às lágrimas, esta foi a intenção. Ser feliz não tem idade. E a Pixar, mais uma vez, provou que existe para fazer o público feliz.
NOTA: 9,5
2 comentários:
Excelente post Rick.
Eu tenho 15 anos e acompanho Toy Story desde o primeiro filme. Toy Story 3 também fez com que eu me emocionasse e muito, pois além de ser o último filme da série, tem uma linda história, lágrimas saíram dos meus olhos no final do filme, só não chorei de verdade porque não estava sozinho, mas enfim, a verdade é que Toy Story é uma história emocionante e sempre se eternizará nos corações de quem a acompanha desde o começo.
Caraca velho...nao vou comentar mais nada nesse blog...toda vez que penso algo você já postou no comentário...é fo..!fica parecendo um plágio descarado!!!
Só digo uma coisa...sai do cinema em meio a um formigueiro de crinças e só eu estava com vermelha de tanto chorar!
droga!!!!
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