quarta-feira, 2 de julho de 2008

Antes Só do Que Mal Casado

Vou lhes contar uma coisa sobre os irmãos Farrelly: os dois são mestres no segmento do humor grosseiro e escatológico. Você já sabia disto? Que bom. Só que, justamente por ostentar esse título entre o público, eles acabam o desgostando a cada novo longa-metragem. Eles nos devem uma nova comédia babaca nos moldes de Debi & Lóide e Kingpin. Chega de tentar ser romântico perante tanta situação inconveniente. Os caras padecem da Síndrome de Shyamalan (ou Shyamalan padece da Síndrome Farrelly, tanto faz). Tal qual o diretor indiano, os irmãos sempre deixam a expectativa de um novo filme à altura de seu maior sucesso. A diferença básica é que, Shyamalan, depois de O Sexto Sentido, conseguiu fazer outras obras-primas de tamanha importância, apesar dos protestos. Já os Farrelly, depois de Quem Vai Ficar com Mary?, tentam - e não conseguem - fazer sempre outro Quem Vai Ficar com Mary?. Eita, carma. Earl explica...

Este Antes Só do Que Mal Casado não foge a regra. O filme até que é bom, arranca altas risadas em determinadas cenas em sua primeira parte, com piadas de extremo mau gosto (e sem gel no cabelo). Mas em sua segunda parte... é aí que residem todos os problemas da comédia. Onde foi que eles erraram? Justamente no ponto de tentar salvar um filme que não estava precisando - e nem querendo - ser salvo com romantismo desnecessário. O que começou como uma comédia engraçadíssima terminou como uma comédia romântica piegas.

Na primeira parte, temos Ben Stiller (bisando a parceira com os Farrelly de Quem Vai Ficar com Mary?) e a loira Malin Akerman dando um show de humor nas situações mais histéricas e constrangedoras possíveis (esperem para ver as cenas de sexo entre os dois). Além de um Jerry Stiller, pai do protagonista dentro e fora das telas, sacana e desbocado. O que surpreende nesta primeira metade, é que a força motriz do longa não é Stiller e sua eterna cara de azarado, e sim, a atriz sueca Malin Akerman. A mulher consegue passar da meiguice ao histrionismo com a maior naturalidade do mundo. É com ela que estão as cenas mais engraçadas. De namorada dos sonhos, ela se transforma em pesadelo de esposa. Só que, quando tudo ia bem, no meio do caminho surge Michelle Monaghan como uma luz no fim do túnel do protagonista. Pois é, foi a partir daqui que o filme se perdeu tentando se encontrar. Nada contra a moça, ela até que é boa atriz. Mas o seu semblante, em determinados momentos, evidencia bem a situação: ela não queria estar ali. Como disse bem minha esposa no fim da sessão, “a outra sempre atrapalha e estraga”.

Mesmo com algumas cenas hilárias em sua segunda metade, o foco principal virou a busca pela mulher ideal e uma nova chance para o amor. Blá, blá, blá. Se a trilha sonora pop encanta (com meia dúzia de clássicos de David Bowie), a química entre Ben Stiller e Michelle Monaghan desencanta. A redenção do protagonista se torna a maldição do filme. E apesar do final boboca, fique atento aos créditos finais, onde a suequinha ninfomaníaca aparece no meio deles para fechar sua participação com chave de ouro. Essa moça tem futuro. Já com relação aos Farrelly, melhor sorte da próxima vez.

NOTA: 6,0

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