quarta-feira, 30 de julho de 2008

Kung Fu Panda

Meu filho de 5 anos praticamente não riu quando assistiu Kung Fu Panda. Eu também não. Mesmo assim, a nova animação da Dreamworks é divertida pra caramba. Não espere a ironia inteligente de Shrek. Nem os bichos neuróticos de Madagascar. Ou mesmo a crítica escancarada de Os Sem-Floresta. O que temos aqui são bichos fofinhos que lutam Kung-Fu. É uma história de obstinação, de confronto entre o bem e mal, recheada de filosofia oriental e muita lição de moral. Vendo por este lado, o longa não faria feio se trouxesse o slogan da Disney na abertura. Entretanto, há um diferencial: a dose cavalar de humor. Só que, neste caso, não aquele humor sarcástico e histriônico que é marca registrada daquelas animações citadas, e sim, o pastelão, daqueles que enrubesceria qualquer personagem metido a engraçadinho do estúdio do Mickey; daqueles simples e inocente, igualzinho o protagonista do longa.

Mas se o humor é babaca e só agrada às crianças igualmente babacas (você riu?), a animação é de encher os olhos. Se Wall*E quis provar que poderia extrapolar os limites entre a animação e a realidade, Kung Fu Panda faz questão absoluta de mostrar que é, legitimamente, uma animação. E que limites também podem ser quebrados dentro do próprio gênero. Isto é o legal do filme. Seu início vertiginoso, narrado em tom de fábula pelo protagonista Po, mais parece um desenho de Genndy Tartakovsky. Segue-se a ele a história do panda balofo que quer ser lutador de Kung-Fu e acaba, involuntariamente, caindo no caminho da escolha do novo Guerreiro Dragão, surpreendendo a todos e a si mesmo. Bom, basta ter 5 anos para saber que fim o longa vai tomar, mas até lá, somos agraciados com cenas espetaculares de luta e paisagens deslumbrantes. Se existisse Oscar de Melhor Fotografia para um longa de animação, Kung Fu Panda seria o grande candidato à vitória.

Só que o filme não é panda o tempo inteiro. Além de Po, ainda temos os Cinco Furiosos (a Tigresa, a Garça, o Louva-a-Deus, a Víbora e o Macaco), o mestre Shifu e o vilão Tai Lung. Estes dois últimos são o destaque do longa. O primeiro, sábio e ágil, parece uma mistura de Yoda com Pai Mei. O segundo, ágil e mortal, bem que parece com Jet Li em seus raros momentos de vilania. Pois é, e as referências, outra marca registrada da Dreamworks, não param um só instante. É quase impossível não ficar puxando pela memória a penca de filme de artes marciais que você conhece e que, com certeza, serviram de inspiração para algum lance da animação. Mas aqui, as lutas deslancham sem a necessidade de cabos. Por serem animais de movimentações distintas - e por ser um desenho, claro -, a agilidade com que lutam é crível o bastante a ponto de nos deixar com um sorriso infantil no rosto quase o tempo todo. Resumindo tudo: genial.

E se o protagonista em sua santa inocência, apesar do carisma e da simpatia, não convence como guerreiro e só te faz rir (ei, essa era a intenção, não era!?), os coadjuvantes temperam o caldo. Entre cenas de cair o queixo (a fuga de Tai Lung e a luta na ponte são bons exemplos), humor infantil e um desfecho moralistamente óbvio, salvaram-se todos. Agradou a meu filho. Agradou a mim também. Mas, quem sabe eles não melhoram numa possível seqüência. Nós dois estaremos lá de novo, pode ter certeza.

NOTA: 9,0

Nenhum comentário: