Eu juro que não vomitei. Nem fiquei enjoado. Muito menos tonto. Agora, uma coisa é certa: a câmera na mão que registra todo o longa Cloverfield - Monstro é um recurso, por vezes, cansativo. Eu, em minha santa empolgação, às vezes gritava inconsciente ao cinegrafista: “Segura essa merda direito!”. Coisa de nerd. Pois é, e foi justamente por eles (e pra eles) que Cloverfield nasceu. Para o bem, óbvio.
Em meio a tanto caos e destruição, a sensação de insegurança que ronda o filme é quase palpável. Depois dos atentados ao World Trade Center em 2001, qualquer metáfora sublinhar vira paranóica coletiva. É como se fossemos inúteis perante um mal desconhecido. “Será que são terroristas?”, pergunta alguém após o primeiro impacto à chegada de, er, algo. E é aqui que o filme realmente começa. Minutos antes somos apresentados rapidamente aos protagonistas numa festa de despedida de um deles, Rob (Michael Stahl-David). Tudo devidamente registrado numa câmera digital. Eis que de repente, o susto dá lugar a curiosidade. A curiosidade - mesmo ante um perigo eminente - dá lugar ao fascínio (como na cena espetacular da cabeça da Estátua da Liberdade caindo no meio de Nova York). Até que o pânico e o desespero vem a tona e tomam conta de todo mundo. Se não fosse a maldita campanha de marketing viral que tomou a internet e transformou o filme em cult antes mesmo de estrear, a agonia proporcionada pelo medo do desconhecido também tomaria conta da platéia. Sem falar no desnecessário subtítulo nacional que, de cara, já estraga a surpresa. Mesmo assim a tensão ainda é crônica.
Mas, e o filme, é bom? Com certeza. Principalmente por conta de sua metragem (84 minutos), que não deixa a destruição desenfreada exceder os limites da paciência. Porém, mesmo curto, parece que o filme não vai acabar nunca. Juro por Deus. E, como eu disse no início, o corre-corre e câmera na mão, além da escuridão, deixam-no arrastado e, de certa forma, cansativo. De ruim, só. Não me importam certos detalhes supérfluos do tipo ‘por que a bateria da câmera não acaba’ ou ‘por que o cara continuava a filmar no meio de tanta destruição’; isto eu deixo para aqueles cinéfilos-cabeça que querem achar defeitos óbvios em um longa de ficção (dããã). Para quem gosta mesmo de filmes de monstros e de uma boa ação despretensiosa, Cloverfield é um prato cheio. E fora a inspiração nítida em Godzilla e no bagre gigante do recente O Hospedeiro (digamos que o tal monstro seja uma mistura dos dois), esta pérola produzida e idealizada por J. J. Abrams é um caldeirão de referências pop. Fazendo uma comparação bizarra, Cloverfield é uma mistura improvável de A Bruxa de Blair com Vôo United 93. Como esses dois longas, também é uma experiência e tanto.
3 comentários:
Também gostei mais do que deveria de Cloverfield. É um Bruxa de Blair godzíllico, como falei no blog hehehe
Aquela cena nos túneis é bem tensa.
Só não gostei muito do final.
nÃO VI TAL MAGFICENCIA DESSA INOVAÇÕA CINEMATOGRÁFICA, MAS ACREDITO QUE FILMES ASSIM TEM-SE QUE TER BOAS APOSTAS. E O SONHO DE UM MONSTRO AMERICANO DE J.J. ABRAMS NÃO PASSE DESPERCEBIDO. AGORA É SÓ ESPERAR OS COMENTÁRIOS DO BATMAN E PEDI UM ABRAÇO PRO CORINGA...
Olha, eu tinha ficado tanto tempo ausente do mundo virtual que quando eu retornei (há uns bons meses atrás), tinha esquecido que vc tinha migrado pro blogspot e tava triste pq não tinha nenhum post novo seu lá no cinefagia... Ou seja, agora que eu me lembrei, vc vai ter que aguentar esses comentários sobre filmes que vc postou há séculos, ok?! hehehe
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Enfim, eu tb gostei muito de Cloverfield e tb não dou tanta bola para os defeitos óbvios de um filme quando ele me conquista, rsrs. Ótimo texto!
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