Cada vez que o diretor Tim Burton anuncia um novo projeto os críticos o desmoralizam antecipadamente, prenunciando que terá Johnny Depp, será colorido demais, ou sombrio demais, e, como bem se sabe, terá sua visão subversiva particular. Qualquer cinéfilo que se preze sabe que nada disto é bobagem. E Burton já tem experiência suficiente para não precisar provar mais nada pra ninguém. Se todos já sabem que sua visão artística singular altamente criativa é admirada e venerada por muitos, os estúdios agora o querem como objeto de luxo. Quando anunciou que faria uma versão de Alice no País das Maravilhas muita gente não viu a idéia com bons olhos. Porém, adentrando um pouco nas maluquices do mundo criado por Lewis Carroll, não há porque negar que este seria um projeto ideal para ele. Burton fez a lição de casa mais uma vez. O que ninguém imaginava era que ficasse tão bom.
Como fã dos trabalhos do diretor, confesso que nunca ignorei nenhum deles, por mais non sense que fosse (por exemplo, eu adoro Marte Ataca!). Mas como qualquer fã, também reclamo do fato de Burton dever uma obra original desde Ed Wood (ou desde Edward - Mãos de Tesoura). Alice no País das Maravilhas é uma típica obra de Tim Burton. Estão lá as cores berrantes em contraponto a estética soturna, os personagens bizarros, os cenários extravagantes, Danny Elfman no comando da trilha sonora e, claro, Johnny Depp e Helena Bonham-Carter. Para você que só conhece as aventuras de Alice do desenho da Disney de 1951, guarde essa lembrança bem escondida. A Alice de Tim Burton é uma espécie de continuação livre dos livros. Passados mais de 10 anos desde a última vez que visitou o País das Maravilhas, Alice, agora com 19 anos, descobre que está prestes a ser pedida em casamento. A partir deste início Burton criou uma obra íntima de visual suntuoso. Ao se aproveitar de um trocadilho gerado confusamente por Alice quando criança para definir aquele lugar mágico e exótico (a pequena o denominava Wonderland, sendo que na verdade ele se chama Underland, ou mundo subterrâneo), o diretor criou um mundo assustadoramente sombrio, tornando-o ainda mais excêntrico e ostensivo.
Alice (interpretada com carinho pela jovem Mia Wasikowska) é a típica heroína do diretor: descolada, contestadora, meio gótica e indecisa, tal qual a Lídia de Winona Rider em Os Fantasmas se Divertem. Nos minutos iniciais, quando a conhecemos, ela é taxada de sonhadora e rebelde por todos. Alice não quer que lhe imponham a felicidade, ela quer encontrá-la sozinha, esteja onde estiver. E ao cair novamente naquele mundo fantástico entrando pela Toca do Coelho Branco e tendo como missão reergue-lo das cinzas deixadas pela tirania da Rainha de Copas (Helena Bonham-Carter, bizarra), Alice talvez não a encontre, mas certamente tomará essa nova jornada como parte de seu amadurecimento, para assim definir o que quer e quem será no mundo real.
Burton também fez algumas mudanças em relação a alguns personagens. O Valete (interpretado por um Crispin Glover irreconhecível) virou um algoz impetuoso, enquanto o Chapeleiro Maluco faz as vezes de âncora da trama (afinal, ele é Depp!). Este último, digamos que seja um amálgama de todos os personagens interpretados por Johnny Depp sob a tutela de Burton. Os nuances e trejeitos dos papéis anteriores são repetidos quase que insistentemente pelo ator. Mas não tiram a mágica do personagem, ao contrário, o engrandece. E em meio a tantos pixels e maquiagens exageradas, a Rainha Branca de Anne Hathaway é quem mais se destaca. Excedendo-se o Gato Risonho, ela é a personagem mais engraçada do filme com uma afetação acima do normal. E no caminhar da história, Alice ruma ao seu destino messiânico para enfrentar o Jaguadarte no tabuleiro de xadrez, numa batalha entre peças e cartas, naquele que é o mais impressionante clímax de um filme do diretor, tendo destaque a homenagem a outro filme da Disney, A Bela Adormecida. Severamente malhado pela crítica como uma bobagem de visual delirante, Alice no País das Maravilhas é muito mais do que bordam. É um filme divertido e empolgante, de visual único com as características de seu realizador. Merece um pouco mais de respeito e carinho. Valeu cada centavo de seu investimento e faz jus a todo sucesso que obteve.
NOTA: 9,5
Como fã dos trabalhos do diretor, confesso que nunca ignorei nenhum deles, por mais non sense que fosse (por exemplo, eu adoro Marte Ataca!). Mas como qualquer fã, também reclamo do fato de Burton dever uma obra original desde Ed Wood (ou desde Edward - Mãos de Tesoura). Alice no País das Maravilhas é uma típica obra de Tim Burton. Estão lá as cores berrantes em contraponto a estética soturna, os personagens bizarros, os cenários extravagantes, Danny Elfman no comando da trilha sonora e, claro, Johnny Depp e Helena Bonham-Carter. Para você que só conhece as aventuras de Alice do desenho da Disney de 1951, guarde essa lembrança bem escondida. A Alice de Tim Burton é uma espécie de continuação livre dos livros. Passados mais de 10 anos desde a última vez que visitou o País das Maravilhas, Alice, agora com 19 anos, descobre que está prestes a ser pedida em casamento. A partir deste início Burton criou uma obra íntima de visual suntuoso. Ao se aproveitar de um trocadilho gerado confusamente por Alice quando criança para definir aquele lugar mágico e exótico (a pequena o denominava Wonderland, sendo que na verdade ele se chama Underland, ou mundo subterrâneo), o diretor criou um mundo assustadoramente sombrio, tornando-o ainda mais excêntrico e ostensivo.
Alice (interpretada com carinho pela jovem Mia Wasikowska) é a típica heroína do diretor: descolada, contestadora, meio gótica e indecisa, tal qual a Lídia de Winona Rider em Os Fantasmas se Divertem. Nos minutos iniciais, quando a conhecemos, ela é taxada de sonhadora e rebelde por todos. Alice não quer que lhe imponham a felicidade, ela quer encontrá-la sozinha, esteja onde estiver. E ao cair novamente naquele mundo fantástico entrando pela Toca do Coelho Branco e tendo como missão reergue-lo das cinzas deixadas pela tirania da Rainha de Copas (Helena Bonham-Carter, bizarra), Alice talvez não a encontre, mas certamente tomará essa nova jornada como parte de seu amadurecimento, para assim definir o que quer e quem será no mundo real.
Burton também fez algumas mudanças em relação a alguns personagens. O Valete (interpretado por um Crispin Glover irreconhecível) virou um algoz impetuoso, enquanto o Chapeleiro Maluco faz as vezes de âncora da trama (afinal, ele é Depp!). Este último, digamos que seja um amálgama de todos os personagens interpretados por Johnny Depp sob a tutela de Burton. Os nuances e trejeitos dos papéis anteriores são repetidos quase que insistentemente pelo ator. Mas não tiram a mágica do personagem, ao contrário, o engrandece. E em meio a tantos pixels e maquiagens exageradas, a Rainha Branca de Anne Hathaway é quem mais se destaca. Excedendo-se o Gato Risonho, ela é a personagem mais engraçada do filme com uma afetação acima do normal. E no caminhar da história, Alice ruma ao seu destino messiânico para enfrentar o Jaguadarte no tabuleiro de xadrez, numa batalha entre peças e cartas, naquele que é o mais impressionante clímax de um filme do diretor, tendo destaque a homenagem a outro filme da Disney, A Bela Adormecida. Severamente malhado pela crítica como uma bobagem de visual delirante, Alice no País das Maravilhas é muito mais do que bordam. É um filme divertido e empolgante, de visual único com as características de seu realizador. Merece um pouco mais de respeito e carinho. Valeu cada centavo de seu investimento e faz jus a todo sucesso que obteve.
NOTA: 9,5
Um comentário:
Caraca!!! não faz nem uma semaninha que baixei Marte ataca!!! é aquele típico filme tosco que eu gosto!
também gostei de Alice...no entanto, gostaria de mais alguns minutinhos! Fiquei com a sensação de quero mais...ainda nao decifrei se por que o filme é curto mesmo ou se é bom demais!!!!!!
Postar um comentário