O melhor filme do ano! Indiscutível. Incontestável. Absoluto. A desvantagem de ser cinéfilo metido a crítico, é que é quase impossível ser imparcial nas resenhas. Não dá pra ser com Batman. Logo de cara vem aquele eterno dilema cinematográfico: pode uma continuação ser melhor que o filme original? A resposta, como já se foi provado algumas vezes, é sim. No caso de O Cavaleiro das Trevas, o dilema é outro: existirá alguém que faça qualquer coisa melhor doravante? Duvido. Não se trata apenas de um filme. Estamos diante de um evento cinematográfico do porte de um ...E o Vento Levou, um Ben-Hur, um O Poderoso Chefão. É um épico. No final da sessão você fica com a impressão de que viu a história acontecer. Críticos preconceituosos e velhotes antiquados sem infância tomem essa: a partir de agora, os filmes de heróis baseados em HQs subiram de nível e já podem figurar facilmente no panteão dos clássicos. Quem diria.
Antes do filme estrear, o que se ouvia era que O Cavaleiro das Trevas seria o Matrix Reloaded dessa nova franquia. Pois bem, depois de assisti-lo, conclui que o longa está mais para O Império Contra-Ataca. Tal qual o capítulo do meio da saga criada por George Lucas, este Batman evolui na qualidade, amplia a mitologia, deixa o clima mais sombrio e pesado, bombardeia o espectador com reviravoltas de arrepiar e aumenta a dose da ação, tornando-a necessária para o desenrolar da trama. E que cenas de ação, hein!? Sem falar que vemos o vilão mais insano dos quadrinhos se tornar o maior vilão da história do cinema. Esqueça a interpretação espalhafatosa de Jack Nicholson no filme de Tim Burton. O Coringa desse novo Batman é mais perigoso e anárquico que qualquer outro que se tenha notícia. É bom que se saiba que eu voto a favor do Oscar póstumo a Heath Ledger. E não o de coadjuvante, mas o de ator principal, afinal, o filme é todo dele. Em nenhum mísero instante você consegue enxergar ou lembrar do cara que já foi cowboy gay e galã cabeludo de filme teen. O que vemos é um ator de verdade, sem maneirismos, dando tudo de si sem se esforçar, rendendo mais que o esperado e encarnando, literalmente, um ser complicado, sem alma, passado ou futuro. Alguém que não tem nada a perder e não está nem aí pra ninguém. O Coringa aqui ainda é um palhaço. Só que não mais daqueles que só te fazem rir, mas dos que te fazem chorar de medo. Se o filme merece todos os elogios que anda angariando, é por conta de Heath Ledger.
Mas não é só isso. Para se tirar dez numa prova, você precisa acertar todas as questões sem errar uma vírgula sequer, correto? Christopher Nolan assim o fez. E até mais do que precisava. Se você olhar bem, vai notar que Bruce Wayne/Batman tem o mesmo destaque que todos os outros personagens. Todos têm o seu momento. Todos têm o seu mérito. Não estão ali apenas para fazer figuração, eles são parte da trama, parte da vida de Batman. E Nolan dá espaço para grandes atuações de todos. Ponto para Christian Bale e Gary Oldman que, como veteranos, abraçam de vez seus personagens. E para Aaron Eckhart que descobriu a essência de Harvey Dent, o “cavaleiro branco” e do vilão Duas-Caras, criado, como Batman, da tragédia. Só resenti que a Maggie Gyllenhaal tenha tido menos tempo de cena que sua antecessora no papel de Rachel Dawes, Katie Holmes. Mas sua saída era necessária. Era um dos catalisadores do caos. Falando em caos, diga-se que o filme é sobre ele. Sobre descontrole e insanidade. E Nolan provou mais uma vez que é um dos melhores diretores deste século, pois em meio a tanta bagunça, tramas paralelas e reviravoltas, ele não perdeu sua sanidade e o controle em momento algum.
Digamos também que o filme é sobre a linha tênue que separa o herói do vilão, a razão da emoção. É sobre perdas, sobre responsabilidade, sobre escolhas e decisões difíceis. É sobre achar sua cara-metade, a parte que completa sua personalidade, seja ela um palhaço sádico, seja ela parte do seu rosto desfigurado. É sobre bem e mal e sobre como os dois podem ter o mesmo peso numa balança. Some-se a tudo isso uma fotografia dark grandiosa (Oscar?) e cenas de te fazer pular de emoção da poltrona e o resultado final, é sim, o melhor filme do ano. Pena que o espaço aqui é limitado, porque eu poderia passar o dia inteiro falando bem de O Cavaleiro das Trevas. Para mim, o ano pode se encerrar aqui.
7 comentários:
Gostei do texto e o filme é grandioso mesmo. Também dou nota 10.
Nossa! Esse filme realmente mereceu o dez. Eu também adorei. Parabéns pelo texto, você é muito bom com as palavras. Jaquie.
Eu vi o filme ontem. O filme é grandioso sim, porém não sei por que achei apenas um filme excelente mas sem colocar no patamar de obra prima
e além disso, não achei Ledger isso tudo não. lembra muito Kakihara com anarquia ... mas deixa para lá ... abraços
e ótimo texto
Assisti ao filme e adorei! E hj, lendo o blog de uma amiga - " Pipoca no edredom", vi seu comentário, e resolvi ver seu texto sobre o filme.
Gostei muito do que li. Com certeza esses novos filmes sobre o Batman são os melhores já feitos sobre HQs!
esqueci de dizer-lhe Henrique, que texto, parabéns, que paixão, que soberba pelo mascarado. Um abreaço...
ei primeiro peço desculpas por não PODER TE LIGAR IRMÃOZÃO NO TEU ANIVERSARIO, estava viajando... o filme foi mundo bom mas não poderia dar um 10, senti que faltou mais encontros entre os dois personagens para validar todo o odio do vilão sobre o mocinho já que fora isso não existiu mais nenhuma mágoa...
Finalmente aqui estou! Esse negócio de não conseguir acessar seu blog do trabalho está me irritando... rsrs
Bom, assino embaixo de tudo o que disse! O filme é perfeito!
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