Normalmente quando se pensa em fazer um remake de algum filme há sempre alguma justificativa racional para tal feito. Seja melhorar seu próprio trabalho (como Alfred Hitchcock fez com o seu O Homem que Sabia Demais), atualizar a história para as novas gerações (o que normalmente ocorre com filmes de terror, para a fúria dos fãs dos originais), modernização dos personagens (corriqueiro com séries de TV e franquias como Star Trek) ou mesmo novas versões completas de histórias ou livros já adaptados (como A Fantástica Fábrica de Chocolate, por exemplo). Mas, por incrível que pareça, existem remakes que não cabem em nenhuma dessas justificativas acima, ou seja, não existem razões cabíveis para sua existência. É uma refilmagem desnecessária. Cá estamos com Fúria de Titãs.
O filme de 1981, produzido pelo mestre Ray Harryhausen, pode até ser ultrapassado e kitsh para os dias de hoje, mas tem lá o seu charme. É um filme-pipoca daquele tempo. Daí não havia por que refazer a adaptação livre da saga de Perseu contra a ira dos deuses do Olimpo para salvar a princesa Andrômeda. Mas como em Hollywood tudo gira em torno do dinheiro, filmes perdem seu valor histórico para se tornarem peças de um jogo de Monopólio. Certos longas-metragens não precisam ser reapresentados a ninguém com nova roupagem. Quem quiser vê-lo que busque o original! É mais ou menos como ter que reescrever um livro famoso porque a linguagem usada não se enquadra no rebuscamento de hoje em dia. Bom, como todo esse discurso preservacionista não vai dar em lugar algum, vamos ao que interessa. Longe de ser um filme canhestro como O Dia em que a Terra Parou (outra refilmagem sem fundamento e justificativa), Fúria de Titãs até que diverte. Não pela história em si, mas pelos efeitos especiais impressionantes. No geral é um filme visivelmente exuberante, mas vazio de conteúdo.
Fúria de Titãs agrada desagradando. É um filme-pipoca na aplicação mais abrangente do termo, que consegue desgostar até aquele que resolveu deixar o cérebro em casa. O diretor Louis Leterrier com seu apuro técnico eloqüente é até bem intencionado (igual como fez em O Incrível Hulk), mas aqui, trabalhando como diretor de aluguel, se torna mero coadjuvante anti a ganância dos engravatados do estúdio em criar um samba-do-semi-deus-doido. A jornada do filme original está lá, só que o pretexto agora é outro. Sai o amor que Perseu tinha por Andrômeda e entra a vingança. Para bom entendedor, a modernização faz apologia à violência. Ao invés de ter que salvar o amor de sua vida, Perseu agora enfrenta os deuses (que observam tudo de um Olimpo celestial usando armaduras saídas da saga Os Cavaleiros do Zodíaco) para mostrar que é macho. Sai a canastrice do ator Harry Hamlin e entre o carisma de Sam Worthington. Bom ator e em franca ascensão na carreira, Worthington interpreta um Perseu bombado e carrancudo que mais parece um Pit Boy mitológico querendo descer o sarrafo em tudo e em todos que cruzarem o seu caminho. Rosna e profere algumas frases agressivas chegando a parecer um cão ensandecido prestes a avançar em alguém. E justamente por conta disto Fúria de Titãs se torna um filme rotulado, feito exclusivamente para a ala masculina - a testosterona que exala da tela chega a dar nojo. As mulheres do elenco são meros objetos de figuração em cena. Alexa Davalos como Andrômeda balbucia algumas frases e mantém a cada close uma inexpressiva cara sôfrega. Já Gemma Arterton até tenta ganhar espaço em cena como a imortal Io, mas não consegue fazer outra expressão senão a de uma boneca de porcelana.
Com relação ao restante do elenco, Liam Neeson não é nenhum Laurence Olivier, mas segura bem as pontas como Zeus. Mas é Ralph Fiennes quem rouba o filme cada vez que entra em cena como Hades. O ator mais uma vez dá vida a um vilão memorável. As cenas de ação também convencem apesar de às vezes serem desnecessariamente prolongadas, com destaque para o clímax gigantesco com o Kraken. E mesmo com a intenção de ser algo envolvente, o filme invariavelmente contém situações sem graça e apresenta algumas liberdades poéticas que profanam a mitologia - Andrômeda, por exemplo, foi acorrentada e não amarrada e içada. No fim fica a sensação de ter sido enganado. Fúria de Titãs entrete mas não empolga o suficiente. É como uma mulher bonita e burra. Você até fica com ela, mas a esquece depois de uma boa noite de sono.
NOTA: 8,0
O filme de 1981, produzido pelo mestre Ray Harryhausen, pode até ser ultrapassado e kitsh para os dias de hoje, mas tem lá o seu charme. É um filme-pipoca daquele tempo. Daí não havia por que refazer a adaptação livre da saga de Perseu contra a ira dos deuses do Olimpo para salvar a princesa Andrômeda. Mas como em Hollywood tudo gira em torno do dinheiro, filmes perdem seu valor histórico para se tornarem peças de um jogo de Monopólio. Certos longas-metragens não precisam ser reapresentados a ninguém com nova roupagem. Quem quiser vê-lo que busque o original! É mais ou menos como ter que reescrever um livro famoso porque a linguagem usada não se enquadra no rebuscamento de hoje em dia. Bom, como todo esse discurso preservacionista não vai dar em lugar algum, vamos ao que interessa. Longe de ser um filme canhestro como O Dia em que a Terra Parou (outra refilmagem sem fundamento e justificativa), Fúria de Titãs até que diverte. Não pela história em si, mas pelos efeitos especiais impressionantes. No geral é um filme visivelmente exuberante, mas vazio de conteúdo.
Fúria de Titãs agrada desagradando. É um filme-pipoca na aplicação mais abrangente do termo, que consegue desgostar até aquele que resolveu deixar o cérebro em casa. O diretor Louis Leterrier com seu apuro técnico eloqüente é até bem intencionado (igual como fez em O Incrível Hulk), mas aqui, trabalhando como diretor de aluguel, se torna mero coadjuvante anti a ganância dos engravatados do estúdio em criar um samba-do-semi-deus-doido. A jornada do filme original está lá, só que o pretexto agora é outro. Sai o amor que Perseu tinha por Andrômeda e entra a vingança. Para bom entendedor, a modernização faz apologia à violência. Ao invés de ter que salvar o amor de sua vida, Perseu agora enfrenta os deuses (que observam tudo de um Olimpo celestial usando armaduras saídas da saga Os Cavaleiros do Zodíaco) para mostrar que é macho. Sai a canastrice do ator Harry Hamlin e entre o carisma de Sam Worthington. Bom ator e em franca ascensão na carreira, Worthington interpreta um Perseu bombado e carrancudo que mais parece um Pit Boy mitológico querendo descer o sarrafo em tudo e em todos que cruzarem o seu caminho. Rosna e profere algumas frases agressivas chegando a parecer um cão ensandecido prestes a avançar em alguém. E justamente por conta disto Fúria de Titãs se torna um filme rotulado, feito exclusivamente para a ala masculina - a testosterona que exala da tela chega a dar nojo. As mulheres do elenco são meros objetos de figuração em cena. Alexa Davalos como Andrômeda balbucia algumas frases e mantém a cada close uma inexpressiva cara sôfrega. Já Gemma Arterton até tenta ganhar espaço em cena como a imortal Io, mas não consegue fazer outra expressão senão a de uma boneca de porcelana.
Com relação ao restante do elenco, Liam Neeson não é nenhum Laurence Olivier, mas segura bem as pontas como Zeus. Mas é Ralph Fiennes quem rouba o filme cada vez que entra em cena como Hades. O ator mais uma vez dá vida a um vilão memorável. As cenas de ação também convencem apesar de às vezes serem desnecessariamente prolongadas, com destaque para o clímax gigantesco com o Kraken. E mesmo com a intenção de ser algo envolvente, o filme invariavelmente contém situações sem graça e apresenta algumas liberdades poéticas que profanam a mitologia - Andrômeda, por exemplo, foi acorrentada e não amarrada e içada. No fim fica a sensação de ter sido enganado. Fúria de Titãs entrete mas não empolga o suficiente. É como uma mulher bonita e burra. Você até fica com ela, mas a esquece depois de uma boa noite de sono.
NOTA: 8,0
2 comentários:
Muito bem produzido, só achei que o filme ou a estoria foi contada muito rapido...
Só tenho uma palavra: Ridículo!
Só eu que achei que esse filme nao tem nenhum nexo? Digo, nao aquele nexo que seu pai faz referência quando fala que X-man é ruim porque é mentiroso! Nexo entre tudo, cenas, roteito, atores!
Felizmente quando você acha que o filme ainda vai durar algumas horas com a chegada do Kraken o filme simplesmente acaba!
Aiaiaiaiaiaiaiai!
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